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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Charles Theone lança disco místico: 'Fui do ayahuasca às pesquisas sobre Jesus'

Músico pernambucano estreia novo nome artístico em disco produzido sob signos cabalísticos, com letras ora místicas, ora políticas, e herança dos maracatus
Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco  Publicado em: 26/05/2016 19:03 Atualizado em: 26/05/2016 18:40
Charles Theone usou busca espiritual como inspiração para seu novo disco, o terceiro solo. Foto: Dani Remião/Divulgação
Oito anos separam o último projeto solo (New orlinda) de Charles Theone do recém-lançado álbum homônimo, o primeiro com novo sobrenome. Tempo suficiente para o músico pernambucano, forjado entre nações de maracatu nos anos 1990, acumular experiências místicas para as novas composições - ora espiritualistas, ora políticas. A partir do método esotérico da cabala, ele assumiu novo sobrenome (antes era Charles Teony), e diz ter renascido através do contato com a natureza - como sugere a fotografia de Daryan Dornelles na capa do novo disco, em que o músico se insurge do barro. “Fui do chá de ayahuasca às pesquisas sobre Jesus Cristo, Krishna e o budismo. O disco é fruto disso, desse ciclo de estudo e experimentação”, explica o músico, que lança Charles Theone (Independente, R$ 19,90) nesta quinta (26), no Roda Café, no Bairro do Recife, com discotecagem de Pepe Jordão e participação de Lucas dos Prazeres e Juliano Holanda.

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“É um álbum com percussão forte, mas não é só para dançar. Há uma proposta literária, espiritual, política até”, declara o artista, que usa versos como os da faixa Chicos e Franciscos para associar ícones da música, fé e lutas sociais brasileiras - Chico Science, São Francisco de Assis, Chiquinha Gonzaga, Chico Anysio e Chico Xavier são mencionados na canção. Produzido por Paulo Rafael, o álbum combina maracatu, folk, samba, coco, funk e música eletrônica, enquanto as letras reúnem elementos da jurema, do candomblé, da cabala e do catolicismo. Para chegar ao ecletismo pretendido ao retornar aos estúdios, Charles Theone recrutou parceiros como o músico Jam da Silva, o escritor Julio Moura e a antropóloga Júlia Ventura - esta última assina com ele a faixa Noite negra, homenagem a Xica da Silva e à atriz Zezé Mota, intérprete da personagem histórica em novela exibida pela TV Globo nos anos 1990. 

O álbum é produzido por Paulo Rafael (esquerda), com letras políticas e místicas na voz de Theone (direita). Foto: Dani Remião/Divulgação
O álbum é produzido por Paulo Rafael (esquerda), com letras políticas e místicas na voz de Theone (direita). Foto: Dani Remião/Divulgação
Natural de Inajá, município do Sertão pernambucano, o músico destaca o vínculo com elementos do folclore local em Olinda cidade mulher (parceria com Chico Esperança) e Pai do samba, letras mais descritivas, visuais. A plasticidade, segundo Theone, vem da intersecção entre a música e o cinema, aprofundada por sua participação em A luneta do tempo - longa dirigido por Alceu Valença, no qual Charles Theone interpreta o vilão Antero Tenente. Ainda neste ano, o artista pretende engatar novos projetos audiovisuais, como o documentário A noite negra de Charles Theone, a convite do diretor Marcelo de Paula, com cenários e depoimentos de personalidades ligadas à cena artística do Recife e de Olinda. “Continuo fazendo música, mas estou mais próximo do cinema, do espiritualismo. Me sinto guiado pelas leis universais.”

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Natureza
“O renascimento a partir da terra, do barro, ilustra a capa do disco e traduz uma fase pessoal, um momento de transformação íntima. Mudar meu nome foi consequência dessa relação com as forças da natureza, do estudo de seus efeitos sobre a consciência humana.”

Harmonia
“O novo nome é fruto de estudos cabalísticos, numerológicos. Ele me deixou em paz comigo, representa quem eu sou após as pesquisas e iniciações espirituais dos últimos oito anos.”

Correspondência
“A produção e os efeitos assinados por Paulo Rafael, que acompanha Alceu Valença há muito, me ajudou a espelhar um pouco da psicodelia nordestina, do rock regional. Ele também assina os arranjos, com Antonio Mariano. Pude misturar influências do Ave Sangria e dos maracatus.”

Evolução
“Ver a música como elemento plástico, visual, foi uma evolução do meu modo de pensar as letras, melodias. Adquiri isso pelo contato com o cinema. E agora, além das pesquisas de cunho esotérico, tenho me debruçado sobre essa vertente. Quero assinar trilhas sonoras e participar mais ativamente da produção audiovisual.”

Polaridade
“Há forças opostas em tudo. No processo místico de busca por respostas a questionamentos universais, encontrei não apenas influências externas, como dogmas orientais e crenças religiosas, mas também uma nova versão de mim mesmo. Os dois tipos de descobertas pautam o disco.”

A capa do disco reflete o processo de "renascimento." Foto: Divulgação
A capa do disco reflete o processo de "renascimento." Foto: Divulgação
Manifestação

“Vivemos um momento delicado em todo o mundo. Há uma crise ideológica pairando sobre todos nós. No Brasil, a crise político-econônima chegou a níveis assustadores. É preciso que os artistas se posicionem, usem suas músicas para se manifestar e, sobretudo, usem seus shows como ponto de encontro para outros artistas, intelectuais, jovens, comunicadores… Precisamos usar a arte para aglutinar, reunir, resistir.”



Amor
“É meu disco mais romântico. Em Tambor do mundo (2006) e New orlinda (2008), falei muito sobre raízes. Sobre heranças culturais, folclóricas, pertencimento. Essa tendência ainda está entranhada na minha música, mas agora é somada ao romantismo.”

SERVIÇO
Show e lançamento de Charles Theone 
Quando: Quinta-feira, às 21h
Onde: Roda Café (Rua Madre de Deus, 66, Bairro do Recife)
Ingressos: R$ 20
Informações: 3019-1776

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